The Project Gutenberg EBook of Compendio da relaçam, que veyo da India o anno de 1691, by Vicente Barbosa This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and with almost no restrictions whatsoever. You may copy it, give it away or re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included with this eBook or online at www.gutenberg.org Title: Compendio da relaçam, que veyo da India o anno de 1691 Author: Vicente Barbosa Release Date: November 28, 2006 [EBook #19947] Language: Portuguese Character set encoding: ISO-8859-1 *** START OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK COMPENDIO DA RELACAM *** Produced by Pedro Saborano (Este ficheiro foi produzido a partir da digitalização do original, disponibilizada pela Biblioteca Nacional de Portugal - This file was produced from images generously made available by the National Library of Portugal) Compendio da Relaçam, Que Veyo da India o Anno De 1691. A El-Rey N. S. Dom Pedro II. Da Nova Missam dos Padres Clerigos Regulares da Divina Providencia na Ilha de Borneo. LISBOA Na officina de Manoel Lopes Ferreyra. M. DC. XCII. _Com todas as licenças necessarias_. Partio o Padre Dom Antonino Vintimilha no anno de 1683.dessa Corte de Lisboa para este Emporio do Oriente, vencidas as grandes difficuldades, que experimentou em Madrid, impedindolhe o fervoroso desejo de passar à India, o grande credito, [q'] as suas singulares virtudes tinhaõ grangeado em toda Espanha, & continuou na mesma estimaçaõ neste Oriente pelo indefesso zelo, com que sempre procurou a salvaçaõ das almas. Agora neste presente anno de 1687.em que tratta o Governador deste Estado, Dom Rodrigo da Costa, de assentar h[~u]a feitoria na vastissima Ilha de Bornèo, a qual tem de circumferencia 550.legoas, & de que se esperaõ para a Coroa de Portugal grandes utilidades, porque sobre ser muito abundante de todos os generos de mantimentos, se acha nella grande quantidade de diamantes, que excedem aos de Golcondâ, de pedras bazares melhores, que as das outras partes, pimenta mayor que a de Sirûla, canfora muita, & fina, madeira muito forte, muitas minas de metaes, principalmente de ouro, & finalmente gr[~a]de ab[~u]dancia de todas as cousas, que nas mais partes do Oriente se achaõ. E dando noticia o Capitão Luis Francisco Coutinho, Fidalgo de grandes prendas, muy zeloso do serviço de Deos, & de Sua Magestade, deste designio do Governador, aos Padres da Divina Providencia, lhes representou quanto necessaria seria h[~u]a missaõ naquella terra, pois sendo descuberta ha 196.annos, nunca fora cultivada de Operarios Evangelicos, & que aceitando a ditta missaõ, todo o gasto correria por sua-conta. Foi taõ bem aceita de todos os Religiosos deste Convento esta proposta, & principalmente do Padre Dom Antonino Vintimilha, [~q] logo se offereceo para esta empresa, promettendo ao Capitaõ partir na primeira monçaõ, como succedeo a 6.de Mayo; & foi taõ feliz a viagem, que admirou aos navegantes, por serem muy cõtinuas naquelles mares as tempestades. Aos 12.de Junho chegou a Malaca, & em 3.dias que alli se deteve, reduzio a hum Bracmane, natural de Goa, o qual levou em sua companhia para a China, & a h[~u]a molher nobre, que havia 12.annos abraçàra a seita de Luthero, & tambem a hum seu grande bemfeitor, chamado Joaõ Vaz, o qual padecia grandes afflicções por h[~u]a divida, & estando irremisivelmente para o prenderem, deu o Padre h[~u]a Imagem do Padre S. Caetano, a qual o livrou daquella molestia com tanta felicidade, que se foi casual, por ser inopinada, a teve por milagrosa. Alegre com as primicias do seu trabalho, & por ter achado a ovelha perdida, partio aos 20.deste mez, proseguindo a viagem com grande bonança atè os 13.de Julho, em que aportou na Cidade de Macâo, aonde desembarcando com Luis Francisco, por causa de hum rijo t[~e]poral, esteve perdida a embarcaçaõ, & o esquife com hum marinheiro com a furia do vento desappareceo, mas ao outro dia se achou em terra, livre, sem saber referir o modo; o que se sabe de certo he, que toda aquella noite esteve o servo de Deos em oraçaõ, implorando o auxilio divino por intercessaõ do grande Patriarca S. Caetano, & he de crer, fossem ouvidos os seus rogos pelas circunstancias do successo. Seis meses assistio nesta Cidade, dos quaes, sinco passou retirado em h[~u]a Ermida da jurisdicçaõ dos Padres Augustinhos em virtuosos exercicios, mas como neste lugar pelo retiro naõ podia exercitar o Sacramento da Penitencia, passou para o Convento dos mesmos Religiosos, sugeitando-se em tudo à obediencia de seu Prelado, como se fora o seu mais inferior subdito. Aqui eraõ taõ frequentes as confissões, que todo o dia lhe levava o confessionario. Nesta Cidade foi Deos servido dar a conhecer os prodigiosos merecimentos de S. Caetano, por meyo de h[~u]a Imagem sua, a qual mandou o Padre a h[~u]a matrona illustre, que de 13.partos que tivera, nenhum chegàra a receber a agoa do Baptismo; & o mesmo foi applicar-selhe a estampa do Santo em 2.de Dezembro de 1687.que lograr o feliz nascimento de h[~u]a filha da qual em desempenho da divida se chamou Caetana, & foi a primeira creatura, a que naquellas partes se impoz este nome. Aos 12.de Janeiro de 1688.proseguio a sua viagem para Bornèo, & sendo muy prospera, o foi tambem muito mysteriosa, por aportar em Banjar-massem aos 2.de Fevereiro, dia por tantas rasões para sua sagrada Religiaõ celebre, & para aquella missaõ venturoso, por ter tomado o servo de Deos a Senhora da Puresa por protectora de toda aquella Ilha. Com este feliz annuncio entràraõ pelo rio acima, parando em o surgidouro em dia de Santa Agueda, tambem mysterioso para o Padre, por lhe cair em sorte de protectora sua aquelle anno. Aqui celebrou Missa com extraordinario jubilo de sua alma, por se ver introdusido naquelle porto, em que lhe vaticinava grandes venturas seu espirito. Mas logo lhe çoçobrou este alvoroço o temor, em que puseraõ aos nossos as noticias das proximas insolencias daquelles Mouros, com [q'] tinhaõ trattado alguns passageiros, & receosos de correrem semelhante fortuna, intentavaõ sairse daquelle porto. Sendo esta para o Padre a mayor afflicçaõ, naõ foi bastante ao divertir, que em a semana Santa celebrasse com toda a edificaçaõ os Divinos Officios, exposto em a Quinta Feira Mayor, com a possivel decencia, o Divino Sacramento, procurando com espirituaes practicas, que examinadas as consciencias, fisessem todos h[~u]a exacta confissaõ. Foraõ de tanta admiração estas festivas demonstrações, que hum Capitaõ Mouro mandou para ajuda dos gastos hum pouco de ouro, o qual o Padre Vintimilha com seu desinteresse costumado lhe tornou a mãdar, ficando o Mouro admirado do desapego, & os nossos mais confirmados do despreso com que trattava as cousas do mundo. Neftes, & outros louvaveis exercicios se occupava o servo de Deos, para divertir a pena de naõ trattar aquella gente. Quãdo o Senhor permittio, que quatro daquelles Gentios Beajùs, levados de curiosidade, viessem à nossa embarcaçaõ, & pedindo se disparasse alg[~u]a peça, como saõ de sua naturesa muy pusillanimes, o mesmo foi sentirem o estrondo, que retiraremse temerosos, & nesta vista lhes cobrou o Padre tanto amor, que começou a idear o modo, [~q] teria para ficar naquella terra. Dahi a poucos dias vieraõ nove, ou dez barcos dos mesmos Beajùs a commerciar com os Mouros, & naõ effeituando cousa alg[~u]a, h[~u] dos nossos, senaõ por superior impulso, ao menos por lisongear ao Padre, lhes foi persuadir que viessem à nossa embarcaçaõ, o que sem difficuldade fiseraõ, & entrando no barco, foraõ do Padre com taes demonstrações de affecto recebidos, que na despedida se mostràraõ muito satisfeitos, naõ sendo pouca causa darlhes o servo de Deos alg[~u]as cousas, ainda que de pouca valia, como naõ vistas naquellas partes, de alg[~u]a estimaçaõ. Depois destes vieraõ outros dous, os quaes se detiveraõ menos tempo, por virem com hum Mouro espia, & em quanto assistiraõ na embarcaçaõ, era notavel o respeito, com que trattavaõ ao Padre quasi publicando-se agradecidos a quem com tanto extremo procurava remediallos. A demonstraçaõ de affecto, que estes experimentàraõ em o Padre, obrigou a outros tres, dos quaes hum delles assim pelo tratto, como pela presença, mostrava ser pessoa de authoridade, ao virem ver; & como naõ vinhaõ acompanhados de algum Mouro, julgàraõ expediente os nossos darlhes a entender, como o Padre de remotissimas terras viera àquelle lugar sem outro algum intento, mais que a livrallos da cegueira, em que viviaõ, & ensinarlhes o que convinha a sua salvaçaõ: destas rasões se mostràraõ agradar, o que vendo o servo de Deos, deu a cada hum seu Rosario, o qual recebèraõ de joelhos com grande veneraçaõ, & ensinados a persignarse, o fiseraõ com tanta facilidade, que ficàraõ admirados os nossos, & muito mais contente o Padre, por ver quaõ facil seria àquelles Gentios abraçar as ceremonias de nossa Santa Fè. Estes foraõ os progressos da nova missaõ atè os 27.de Mayo, em o qual dia os da nao se achàraõ desembaraçados para se partirem a Macâo, & foi tão grande a carga de pimenta, & outros generos, que não a podendo levar toda a embarcação (ainda que era das mayores, [q'] frequentão aquelles mares) deixàrão grande parte em terra, servindo a todos de grande admiração tanta ganancia. Verdade he, que em todo o tempo que alli se detiverão, não cessou o servo de Deos de implorar em o sacrificio da Missa com Ladainhas, & preces, o favor divino, em o bom successo daquella jornada (conhecendo, que delle pendião muito os augmentos da nova missaõ) & piamente se póde crer fossem ouvidos os seus rogos, concedendo tão prosperos successos atè a ultima hora de sua partida, a qual soi muy saudosa ao Padre, porque todo o seu empenho era assistir entre aquella gente, como repetidas veses pedio ao Capitão, o que lhe não concedeo por temer da aleivosia daquelles barbaros, corresse algum perigo a sua vida, contentandoo com lhe prometter, que na segunda monção o faria. Em a vigilia do glorioso Precursor chegàrão a Macâo, aonde logo o Padre se retirou à sua antigua penha, não se livrando cõ pouca difficuldade das grandes instancias, com que todos os Religiosos pedião escolhesse os seus Conventos por domicilio: porque como reconhecião nelle h[~u]a vida muy exemplar, desejavão a sua companhia. No retiro da penha gastava a noite em santos exercicios, & o dia todo na Paroquia de S.Lourenço em o Confessionario. Chegada jà a monçaõ de Bornèo, partio a 18.de Fevereiro de 1689.levando hum mancebo China intellig[~e]te, & practico, a quem para este effeito deu liberdade Luis Francisco Coutinho, & outro chamado Lourenço, de naçaõ Beajù, a quem pelo mesmo respeito libertou Fructuoso Leyte, a 30.do mesmo mez chegàraõ ao Porto de Banjàr. Rasaõ he, que agora que começa a trattar com os Gentios desta Ilha o Padre D. Antonino, demos h[~u]a breve noticia de seus costumes: adoraõ a hum só Deos, que castiga os maos, & premea os bons, ao qual faz[~e] sacrificios de prefumes; naõ tem algum Idolo, como as mais nações do Oriente: casaõse com h[~u]a só molher, a qual zelaõ em tanto extremo, que presumindo offensa, com a morte do offensor vingaõ o aggravo, do que procede serem as molheres muy recolhidas, & recatadas; cõd[~e]naõ o furto, aborrecem a mentira; vivem entre si com muita caridade, sendo todos os seus bens communs; mostraõse muy generosos com aquelles, de que recebem algum beneficio; saõ muito amigos de gloria, ainda que pela conseguir percaõ a vida. Estas saõ em summa as informações, que se puderáõ ter deste Gentilismo. Tornando pois a continuar a nossa relaçaõ, quando o Padre chegou a Banjàr, estavaõ em guerra os Mouros com os Beajùs, pelo que lhe era muy difficultosa a communicaçaõ, & para facilitar o tratto dos Beajùs, sem o saberem os Mouros, fretou hum lantim (embarcaçaõ commoda, & pequena) & logo desta resoluçaõ se vio o acerto, porque começàraõ a concorrer alguns Beajùs das povoações visinhas, ou por curiosidade, ou por verem a seu payzano Lourenço. Aos 10.de Março deu principio a h[~u]a Novena ao glorioso Esposo da Virgem S. Joseph, Protector de nossa sagrada Religiaõ, para o que o Capitaõ Manoel de Araujo Gracez em o mesmo lantim levantou h[~u] Altar com a possivel decencia. Ao segundo dia da Novena veyo hum venerando velho com h[~u]a filha sua, hum neto mancebo, & h[~u]a molher de mayor idade, para ver o servo de Deos, o qual os recebeo com carinhosas demonstrações de affecto, significandolhes, [~q] segundàra aquella jornada, só a fim de os livrar dos erros, em que foraõ criados, ensinãdolhe o unico meyo de sua salvaçaõ, o que elles ouviraõ com tanto agrado, [~q] deraõ a entender seria recebido de todos cõ grãde estimaçaõ. Daqui em diante frequ[~e]tavaõ os Beajùs o lantim, os quaes logo começàraõ a acclamar ao servo de Deos por seu Tatùm, que na sua lingoa he o mesmo que, Avo, titulo entre elles de suma veneraçaõ, & respeito; & o tratavaõ com tanta familiaridade, & carinho, que traziaõ a sua presença as suas molheres, filhos, & filhas, casadas, & donzellas (cousa que elles recataõ com grande excesso) para lhe beijarem a maõ, & o santo habito, & o reconhecessem por seu Tatùm, ao qual tambem offereciaõ alguns limitados presentes, que constavaõ de h[~u]a gallinha, ou de hum pouco de arroz, ou de alg[~u]as hervas cheirosas, os quaes elle em o principìo regeitava, o que lhes causava grade desconsolaçaõ, no que advertindo, achou conveniente aceitallas, com tanto, que naõ fossem cousas de mayor valor, que as referidas. Com taõ bons principios se continuou, & acabou a Novena, coroada de h[~u]as luminarias, que cercavaõ todo o lantim, do qual sahio hum mediano esquife, que levava arvorada h[~u]a resplandec[~e]te Cruz, de mais de 20.palmos, que gyrãdo o rio, se recolheo com h[~u]a estrondosa salva de artilheria de duas nossas embarcações, que estavaõ jà naquelle porto, sem que esta funcçaõ causasse perturbaçaõ alg[~u]a aos naturaes, antes manifesto contentamento; cousa, que sem particular moçaõ do Ceo, se julgou ser impossivel naquella térra. Entre este concurso veyo o Governador, ou Capitaõ de h[~u]a daquellas povoações, que se chama Angâ, acompanhado de toda sua familia, visitar ao Padre, & o trattou com tanto decoro, & affecto, que julgàraõ os nossos conveniente lhe fosse pagar a visita, o que fez em o dia seguinte, acõpanhado de 13.pessoas. Difficultosa cousa seria referir o alvoroço de todo aquelle povo, que concorreo a este recebimento, por[q'] em bayles, em variedade de instrumentos, & outras alegres demonstrações, parecia hum glorioso triunfo, procurando todos, que o servo de Deos consentisse ser acclamado por seu Rey, o que ao Padre servio de tanta confusaõ, quanta era a sua humildade, & aos nossos de tanta admiraçaõ, quanta requeria taõ rara supplica. Prostrouse aos pès do Varaõ Apostolico o bom velho do Angâ, para beijarlhe seu santo habito, a cuja imitaçaõ velhos, & moços, grandes, & pequenos, procuravaõ fazer o mesmo, huns se lançavaõ a seus pès, outros o abraçavaõ, & alguns ao menos o tocavaõ, & o Angâ queria logo, logo (ao que parece) abraçar nossa Santa Ley, pois (segundo deu a entender) a seguiria atè por ella perder a vida, se fosse necessario. Em consequencia do que, se offereceo a ir pessoalmente dar parte aos Senhores de Tomongùm, & Damaõ, Principes supremos, que habitaõ o interior daquella Ilha, hum dos quaes era seu genro; & para se determinarem as circunstancias da Embayxada, prometteo de vir ao outro dia, o que naõ pode ser, por se passar toda a noite em bayles, em applauso do seu Tatùm, & de cançado naõ pode commprir a promessa, mas veyo logo ao seguinte dia, em que foi recebido do Capitaõ Manoel de Araujo Gracez com muito apparato, & banqueteado com igual grandesa. Na conferencia determinou o Capitaõ, que em nome do Padre levasse o Angâ hum presente aos Principes, & como a passagem havia de ser por terras dos Mouros, a quem o Angâ era sugeito, se offereceo o Capitaõ Manoel de Araujo, por ser muito amigo do Rey, alcançar licença; mas como elle estava distante, & por alg[~u]as occurrencias naõ o pode o Capitaõ buscar, & naõ podendo o Angâ sofrer tanta dilaçaõ, pelo grande alvoroço, que tinha, mãdou dizer, que lhe levassem o presente para os Principes, que sem embargo da licença queria ir, para o [~q] ao dia seguinte o foi buscar o Padre, & lhe entregou o mimo, que constava de duas caixas, em que hiaõ alg[~u]as curiosidades da China de pouco custo, & alg[~u]s anneis, & braceletes de vidro, & por remate h[~u]a lamina bordada com a Imagem de N. Senhora da Puresa, & outra do Patriarca S. Caetano, para que tomassem posse daquellas terras, & reduzissem aquelles povos ao verdadeiro conhecimento de Deos. Taõ aceito foi à Divina bondade este obsequio, que o mesmo foi apparecer o Angâ naquellas terras, & descobriremse as sagradas Imagens, que commoveremse todos incontinentemente com prodigioso alvoroço a admittirem a este Varaõ Apostolico, para cujo effeito preparàraõ muitas embarcações, que havia em o porto, & deraõ principio a h[~u]a de 14.braças, muito ornada, para o condusir, & em breve tempo se preparou, & o vieraõ esperar à bocca do rio, em que se terminava a sua jurisdicçaõ, naõ passando a diante por causa das guerras cõ os Mouros, & deste porto despachàraõ ao Angâ, cõ o Embayxador dos Mouros (que tinha ido trattar com elles pazes) que procurasse permisso de entrar naquelle rio, em que estava o seu Tatûm; & por haver alg[~u]a demora na chegada do Angâ, & o Damão desejava ver ao Padre, o mandou visitar por hum cunhado seu, & depois por hum seu irmão lhe mãdou dizer, que se fosse por seu consentimento, o levaria logo a sua casa, mas que por muitas, & efficazes rasões não era conveniente: logo depois deste recado chegou o Angâ com o presente do Damão, que constava de huns bem curiosos cestinhos de palha, & cãna, de ervas odoriferas, & de outras cousas, entre as quaes vinhão huns bollinhos cheirosos, que estimão tanto, que se não concedem, senão a pessoas muito grandes, & que vivão entre elles, para que os não levem fóra do Estado, por cuja causa se originão muitas guerras, & notando-se que as raizes das ervas vinhão cheas de terras, se soube ser esta entre elles a mayor finesa, porque com ella significão dar posse de seus Estados. Sendo perguntado o Angâ daquelles Principes àcerca do seu Tatûm, lhes manifestou o summo despreso, que professava das cousas temporaes, o modo, & instituto de sua Religião, que prohibe não só ter rendas, mas tambem mendigar o preciso sustento, & que seu unico intento era instruillos em a verdadeira Religião, sem a qual se não póde alcançar o Ceo. A tudo isto respondèrão muito conformes, que por isso o estimavão muito mais, & que entendião ser hum homem celeste, do qual esperavão grandes felicidades, & para confirmação desta sua Fè, estando jà a armada para partir, virão cair do Ceo hum globo de fogo, pelo que entendèrão, que a sua vinda era para os alumiar: por esta causa, aonde quer que chegava a noticia do servo de Deos, todos o vinhão ver, pedindolhe, que lhe fisesse o sinal da Cruz com agoa b[~e]ta, a qual tambem levavão com rara estimação; a rasão de a estimarem tanto foi, porque na primeira visita, advertido o Angâ pelo Beajù Lourenço, que tomasse agoa benta (que estava ao entrar da porta) porque o havia de livrar de muitos males; fello alli, & lhe cobrou tal fé, que quando foi aos Principes, levou della bastante provisão, & de crer he, obre Deos alguns prodigios, pois a procurão com tanto extremo: o que se sabe he, que todos os Beajùs, que vem a este Varão Apostolico, ficão attonitos, sem saberem explicar o que divisão em seu semblante, & algum houve dos nossos, que de si affirmou o mesmo. Estando a nova missão em tão bons termos, se levantou h[~u]a voz entre os Mouros, que publicava nos queriamos apoderar de sua terra, para o que deramos aos Beajùs grande copia de ouro. Notavel embaraço podia deste alarido resultar à missaõ: mas a Providencia Divina, por cuja conta estava este negocio, permittio que aos quatro de Janeiro às nove horas da noite, viessem dous filhos do Tomongûm, & Damão, acompanhados de huns seus tios, & outras pessoas expostas a grãde perigo, & por isso mettidos nas escotilhas da embarcaçaõ. Chegados ao lantim, mandàrão chamar ao Capitão Manoel de Araujo, & resolutos lhe disserão, que ainda que havia mais de hum mez, que estavão esperando por elles com tanto incommodo, esperarião atè o outro dia, em que sahisse o barco daquelle porto; & receberião ao servo de Deos, para o que farião quantas obrigações quisessem. O Capitão, que conhecia por largas experiencias, ser evidentes disposições da Divina võtade, condescendeo com os rogos daquelles Principes, de que ficàrão tão alvoroçados, que hum delles pedio h[~u]a faca para tirar sangue dos braços (que entre elles he a mayor demonstração de contentamento) & assim logo se despedirão dos nossos, por não ser conhecidos de seus contrarios. Em quanto duravão estes contrattos chegou o cunhado do Sindûm Principe mais poderoso, que os referidos; o qual sabendo acaso em as terras do Damão a vinda do servo de Deos, se veyo logo à embarcação, & sabendo não estar ahi o Padre, sem mais detença se passou ao lantim, aõde se queixou aos Principes de não ter[~e] avisado a seu cunhado o Sindûm, & que se quisesse, em sua mesma galè o levaria às terras de seu cunhado, em que não poderia haver perigo, por estar em paz com o Mouro; & que ao menos depois de estar algum tempo com o Damão, & Tomongûm, o deixassem ir ao Sindûm, o qual tanto que tivesse noticia, logo o viria buscar, & finalmente lhe pedio, que não partisse, sem que elle mesmo o acompanhasse. Aos 10.do mesmo mez chegàrão outros seis Beajùs de terras distantes quinze dias de jornada, os quaes só então tiverão noticia do servo de Deos, & lhe trouxerão alg[~u]as limitadas offertas, pedindolhe, que depois de estar em as terras do Tomongûm, se passasse a ensinalos, & alivialos em as suas; & em quanto estiverão cõ elle, não se satisfazião de o abraçar, & lhe beijar as mãos, a [~q] o Padre respondia cõ semelhantes expressões de affecto. Nesta consolação vivia o Padre, quando Deos, para purificar sua paciencia, lhe permittio h[~u]a consideravel pena, por causa de os nossos começarem a presumir ser fingido o tratto dos Beajùs, & que não era cõveniente deixalo em tão grande perigo; o que foi causa de se mostrar o Capitão Manoel de Araujo menos effectivo, & fervoroso; mas conhecendo o Varão Apostolico a novidade, com grande zelo protestou da parte de Deos ao Capitão, o grãde dãno, que resultaria àquelles povos, não o deixar em sua companhia, & que a perdição daquellas almas seria por conta sua. Mas não he muito fosse tão grande o sentimento, de quem com tanta ansia solicitava esta empresa, que chegou a affirmar em h[~u]a carta sua estas formaes palavras: _Certo, certo, certo, deixàra agora a gloria do Paraiso, por trabalhar nesta vinha do Senhor atè o fim do mundo, sem mais premio, que acertar a fazer sua divina vontade_. Commovèrão ao Capitão as rasões do Padre a condescender com o seu desejo, para o que, chegado o dia 25.de Junho, em que desfeito o bãco de area, era facil a navegação, ditta Missa, depois de administrar a alg[~u]as pessoas o Sacramento da Penitencia, se embarcàrão o Capitão Manoel de Araujo Gracez com sinco Portugueses, & o servo de Deos com quatro mancebos, hum China, a quem tinha dado liberdade Luis Francisco, outro da mesma nação, que voluntariam[~e]te se offereceo, o Beajù Lourenço, & hum marinheiro natural de Bengâlla, & àlem destes dous parentes do Tomongûm, & Damão, que tinhão vindo para o acompanhar; & pedir ao Capitão, não faltasse em funcção tão grande, & para que esta fosse mais sol[~e]ne, arvoràrão h[~u]a Cruz de incorruptivel madeira, & da mesma h[~u]a tarja com as Armas de Portugal com esta letra na circumferencia: _Lusitanorum virtus, & gloria_. Finalmente partirão para o rio dos Beajùs, no qual achàrão muitas embarcações promptas, em as quaes estarião 800.pessoas, alg[~u]as das quaes entràrão na nossa, & a forão levãdo aonde estava o Tomongûm, & Damão, & desde ella vierão à nossa, & abraçando o Capitão, se lançàrão aos pès do servo de Deos o Tomongûm, & Damão, sem se apartarem delle, dizendo o Tomongûm a dous filhos seus, & a toda a sua comitiva, o imitassem na veneração, & reconhecessem ao Padre por seu verdadeiro Senhor. Sentado o Damão no meyo do servo de Deos, & do Capitão, attento hum, & outro, lhe significou o Padre o motivo, que o obrigava a ficar entre elles, o qual era para lhes ensinar sem algum interesse o verdadeiro caminho do Ceo, ao que respondèrão, que assim o querião, & se obrigavão a tello em toda a veneração, o que pretendèrão firmar com sangue de suas veas, mas não lho permittirão os nossos. Entregouselhes logo a Santa Cruz, a que adoràrão todos, & o Escudo das Armas de Portugal, que promettèrão collocar ao pè da Cruz na primeira Igreja, que logo levantarião, & que promettião viver debaixo da Coroa de Portugal, para o que andarião trajados ao nosso modo, & por este respeito se lhes derão vestidos, que levavaõ para este effeito, por o terem assim dado a entender; & por rematte pedirão ao Capitão; não faltasse em os communicar todos os annos, para conhecer a summa estimação, que fazião do seu Tatûm. Concluidas estas ceremonias, se despedirão levando o Padre em h[~u]as grandes andas, no que elle consentio, por temer, que a repugnancia lhes motivasse algum dissabor, que mal lograsse o seu intento. Estes saõ os felices principios desta nova missaõ, da qual se esperão muitos, & venturosos progressos ao credito da Religião Theatina, & gloria da Coroa de Portugal, por ser[~e] ambas tão empenhadas na propagação da Fè Catholica. LAUS DEO. Notas da transcrição: Por não existir nenhum caracter ascii correspondente a algumas letras, foram elas substituidas no texto pelos marcadores apresentados na seguinte lista: [~u]=u com til por cima; [~e]=e com til por cima; [~q]=q com til por cima; [q']=q com acento grave por cima. End of the Project Gutenberg EBook of Compendio da relaçam, que veyo da India o anno de 1691, by Vicente Barbosa *** END OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK COMPENDIO DA RELAAM *** ***** This file should be named 19947-8.txt or 19947-8.zip ***** This and all associated files of various formats will be found in: http://www.gutenberg.org/1/9/9/4/19947/ Produced by Pedro Saborano (Este ficheiro foi produzido a partir da digitalização do original, disponibilizada pela Biblioteca Nacional de Portugal - This file was produced from images generously made available by the National Library of Portugal) Updated editions will replace the previous one--the old editions will be renamed. 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It exists because of the efforts of hundreds of volunteers and donations from people in all walks of life. Volunteers and financial support to provide volunteers with the assistance they need, is critical to reaching Project Gutenberg-tm's goals and ensuring that the Project Gutenberg-tm collection will remain freely available for generations to come. In 2001, the Project Gutenberg Literary Archive Foundation was created to provide a secure and permanent future for Project Gutenberg-tm and future generations. To learn more about the Project Gutenberg Literary Archive Foundation and how your efforts and donations can help, see Sections 3 and 4 and the Foundation web page at http://www.pglaf.org. Section 3. Information about the Project Gutenberg Literary Archive Foundation The Project Gutenberg Literary Archive Foundation is a non profit 501(c)(3) educational corporation organized under the laws of the state of Mississippi and granted tax exempt status by the Internal Revenue Service. The Foundation's EIN or federal tax identification number is 64-6221541. Its 501(c)(3) letter is posted at http://pglaf.org/fundraising. Contributions to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation are tax deductible to the full extent permitted by U.S. federal laws and your state's laws. The Foundation's principal office is located at 4557 Melan Dr. S. Fairbanks, AK, 99712., but its volunteers and employees are scattered throughout numerous locations. Its business office is located at 809 North 1500 West, Salt Lake City, UT 84116, (801) 596-1887, email business@pglaf.org. Email contact links and up to date contact information can be found at the Foundation's web site and official page at http://pglaf.org For additional contact information: Dr. Gregory B. Newby Chief Executive and Director gbnewby@pglaf.org Section 4. Information about Donations to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation Project Gutenberg-tm depends upon and cannot survive without wide spread public support and donations to carry out its mission of increasing the number of public domain and licensed works that can be freely distributed in machine readable form accessible by the widest array of equipment including outdated equipment. Many small donations ($1 to $5,000) are particularly important to maintaining tax exempt status with the IRS. The Foundation is committed to complying with the laws regulating charities and charitable donations in all 50 states of the United States. Compliance requirements are not uniform and it takes a considerable effort, much paperwork and many fees to meet and keep up with these requirements. We do not solicit donations in locations where we have not received written confirmation of compliance. To SEND DONATIONS or determine the status of compliance for any particular state visit http://pglaf.org While we cannot and do not solicit contributions from states where we have not met the solicitation requirements, we know of no prohibition against accepting unsolicited donations from donors in such states who approach us with offers to donate. International donations are gratefully accepted, but we cannot make any statements concerning tax treatment of donations received from outside the United States. U.S. laws alone swamp our small staff. Please check the Project Gutenberg Web pages for current donation methods and addresses. Donations are accepted in a number of other ways including checks, online payments and credit card donations. To donate, please visit: http://pglaf.org/donate Section 5. General Information About Project Gutenberg-tm electronic works. Professor Michael S. Hart is the originator of the Project Gutenberg-tm concept of a library of electronic works that could be freely shared with anyone. For thirty years, he produced and distributed Project Gutenberg-tm eBooks with only a loose network of volunteer support. Project Gutenberg-tm eBooks are often created from several printed editions, all of which are confirmed as Public Domain in the U.S. unless a copyright notice is included. Thus, we do not necessarily keep eBooks in compliance with any particular paper edition. Most people start at our Web site which has the main PG search facility: http://www.gutenberg.org This Web site includes information about Project Gutenberg-tm, including how to make donations to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation, how to help produce our new eBooks, and how to subscribe to our email newsletter to hear about new eBooks.